Ética
A frase que melhor descreve o conceito básico da ética em falcoaria é “fazer o melhor para a ave”. A falcoaria é um esporte de caça pura e simples. Desde o ponto de vista da ave, o objeto é matar algo. O pássaro não está interessado na qualidade de tua experiência de campo ou uma amizade como podes desfrutar com teus amigos. As aves de rapina são meras criaturas e feitas para matar. Simples assim. Estilo é um conceito humano e não tem equivalente no mundo dos predadores. Na natureza da predação não é outra coisa que o jovem, o doente, são os primeiros as serem eliminados. Estas capturas não resultam provavelmente excessivamente esportivas. Como falcoeiro desenvolvo, o que considero que são capturas com estilo, porem entendo que o estilo secundário ao êxito, essencial para a confiança. A responsabilidade ética do falcoeiro é garantir a suas aves o êxito. Ele é sempre o principal predador na falcoaria. Somos responsáveis tanto do êxito como do fracasso de nossas aves, pois dirigimos e manipulamos a caça dentro das possíveis vias de controle. Isto envolve desde o desenvolvimento das habilidades da ave até a escolha do momento adequado para levantar uma presa. Se escolho para caçar um lugar sem caça então sou eu quem tem fracassado, não o pássaro. Se escolho para voar uma ave com peso alto e falha a captura, fui eu que não tive êxito não o pássaro. As aves de rapina selvagens podem matar diariamente, e algumas vezes devem fazer isto varias vezes ao dia. Imaginem a quantidade de capturas que deve conseguir por exemplo um Cooper (Accipiter cooperi) para alimentar diariamente quatro filhotes. Criar esta ninhada significa para começar um mínimo 10 capturas por dia, dentro de umas 50 tentativas. O objetivo é lembrar ao leitor as verdadeiras capacidades atléticas que tem estas aves e aumentar o nível de expectativa do falcoeiro. O melhor da falcoaria se baseia em alcançar este potencial.
Pessoalmente eu tenho ainda que tentar fazer uma ave perfeita ou uma que se aproxime do nível de habilidade equivalente das espécies selvagens que tenho descrito. A meta é alcançar esta perfeição. Obter quantidades marcantes de captura é o que a ave espera pela própria natureza. Um bom falcoeiro entende a diferença filosófica entre boa “pontuação” e boas marcas. Os números são precisos, objetivos e bons para cálculos exatos. Sucessos numéricos não são o propósito sim a conseqüência natural de uma boa falcoaria. Os números baixos ajudam igualmente advertindo que está havendo um problema.
Não devemos considerar porque um Accipiter striatus captura 500 presas que se está terminando com uma população de codornas. O grau de dificuldade que exige a captura de aves cinegéticas faz com que isto seja impossível. É muito mais provável que as presas fáceis como Sturnus ou Passer componham a maioria de suas capturas. Legalmente nos USA os Sturnus são considerados espécies nocivas. São tão destrutivos que muitos estados dos USA permitem envenenar sem controle. Os Accipiters são eficazes em extremo causando um impacto muito grande nos locais em que dormem os Sturnus. Podemos “impactar” bandos de milhares em menos de uma semana com a pratica da falcoaria noturna. Seria maravilhoso para as rapinantes se a falcoaria fosse substituída pelos venenos como método de controle de pragas.
Para alguns os comportamentos éticos significa obedecer a lei escrita. Para outros isto pode significar agir com sentido moral do que é correto. Em Missouri nos USA, assim como em muitos estados do oeste, a caça de coelhos está legalizada durante todo o ano sem que se feche a temporada, e ainda não conheço nenhum falcoeiro que cace na época de cria destes animais. Em algumas áreas é ainda legal matar coelhos com gás ou veneno quando estão dentro de suas tocas. Isto poderia ser considerado ético??? Os conceitos do que é legal e ético podem algumas vezes encontrar-se, quando o falcoeiro ético se encontra com semelhante dilema tenta trocar primeiro a lei. Aqui, no estado, capturar gaviões de cooper (Accipiter cooperi) para falcoaria não estava permitido. Demorou cinco longos anos de tensas lutas dentro e fora da área política para conseguir acesso a esta espécie comum. Em muitos outros estados há historias similares de sucessos sobre uma grande variedade de legislação relacionada com falcoaria. Nunca é fácil lutar pelo que é justo, porém certamente vale a pena. A moral dita que o bem estar das aves sempre vem em primeiro lugar (aspectos físicos e mentais). Sendo assim, faça o melhor pela ave
(Extraído do livro Aves de Presa Bajo Vuelo, versão espanhola do livro Imprint Accipiter de Michael Mc Dermott)
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